Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.
Caetano Veloso
A auto estima aqui é baixa, apesar de ter uma voz no ouvido soprando o quanto eu sou boa, a que ganha é a voz de quem ouviu poucos elogios vindo daqueles que mais importam, a voz exigente e nunca contente, a voz perfeccionista. Eu carrasca de mim mesma.
Aprendi sozinha a amar meu corpo, mesmo sendo perfeito. Não perfeito nos moldes das revistas, dos olhares obcecados com as curvas perfeitas e generosas. Perfeito em sua função de me levar aonde quero, de expressar meus sentimentos, de ser minha mídia nesse mundo de ilusão.
Amo meus valores e não tenho dúvidas quanto a isso. Essa clareza tive a sorte de atingir logo na vida.
Agora busco amar a minha forma de ser. A minha forma errada, imperfeita, às vezes incoerente, às vezes insana, mas sempre sempre quente e verdadeira, transparente e direta. Às vezes branda, sempre rígida, na maioria das vezes alegre. Apaixonada e cheia de compaixão. Nem sempre justa, nem sempre prudente. Triste, inconformada, pessimista, mas sempre contraditoriamente esperançosa, humana.
Essa sou eu e eu preciso me amar apesar da dor de ser, porque ser também é um prazer.