Eu já estou com o pé nessa estrada,
qualquer dia a gente se vê.
Sei que nada será como antes,
amanhã…
Milton Nascimento / Ronaldo Bastos
Hoje, depois de quase cinco anos, estou deixando a sociedade do Hacklab. Foram quase cinco anos de algumas conquistas pessoais, muitos trabalhos bacanas, muitas risadas, muitas cervejas, muita piranha, muito pebol, muito código, algumas lágrimas e desavenças, mas acima de tudo, muito aprendizado.
No Hacklab aprendi (sqn) a usar Linux, aprendi o que é compartilhar conhecimento de verdade, o que é o companheirismo masculino, o valor de ser mais tolerante com pessoas diferentes, aprendi generosidade.
Aprendi que ter um sonho bonito não basta, a realidade é sempre diferente e vai se transformando e não necessariamente o resultado é bom ou ruim, o fim não importa, o que importa é o processo.
Aprendi que o ter razão é superestimado. Todo mundo passa por um processo de aprendizado e nem sempre todos chegam na mesma verdade, na mesma razão. A minha experiência nem sempre serve ao outro, as pessoas precisam vivenciar os fatos na pele para aprender.
Aprendi que confiança não se ganha no grito e nem na raça, confiança também depende da boa vontade de quem deposita, de empatia e de total ausência de preconceitos ou pré-julgamentos em relação ao receptor.
Aprendi que equilíbrio de gênero não implica em igualdade de gênero, precisa haver equilíbrio de poder antes de mais nada. Política de cotas é importante, mas é só uma parte.
Aprendi que consenso é extremamente difícil, extenuante. Sem um caminho claro, bem traçado e um objetivo bem definido, muitos se vencem pelo cansaço e se perdem rodando em círculos, e é fácil apelar para alternativas verticais, onde sem querer e cheios de boas intenções, pisamos nas cabeças das pessoas sem piedade.
Aprendi também muito sobre mim mesma, aprendi que sou capaz de cair e levantar, aprendi a reconhecer meus (muitos) erros e que não posso mudar a essência de quem sou, mas posso transformar minha essência em algo melhor, ou pior. É preciso estar atento e forte.
Aprendi a separar o que é meu e a não carregar o que é do outro.
E por isso tudo e por outras coisas que não me lembrei de listar aqui, digo: obrigada, Hacklab! Vou sentir saudades. Nada será como antes…