Ilu Obá De Min

​”Ele é um trabalho heterogêneo. Existem mulheres negras e existem mulheres brancas. É importante essas mulheres brancas estarem dentro desse trabalho porque aí elas vão entender o que a gente está falando e reconhecer essa história. As mulheres negras se empoderam mais, as mulheres não negras reconhecem e respeitam essa história e entendem o verdadeiro sentido de estamos juntas.” – Beth Beli

Xequeridas,

Acordei lembrando da benção que a Nega nos deu no domingo. Fechei o olho e chorei por todos os motivos que me fazem a vida difícil, senti o frescor da água e o vento e deixei aquele gesto de puro amor me lavar minha alma…

Como a gente precisa disso não é mesmo?

Eu não sou uma pessoa religiosa, não acredito em Deus ou Deuses, mas eu acredito no Amor, que talvez seja Deus. Enfim, no jogo de palavras preferi me colocar dessa forma. Acredito na força do amor que une as pessoas de diferentes caminhos e trajetórias com um único objetivo: fazer nossa passagem nessa vida valer a pena, não ser em vão, sermos felizes e brilharmos com força nesse universo onde somos uma estrelinha bem pequena.

Por isso quero agradecer de coração a generosidade desse coletivo. Vocês já sabem que eu sou de briga, sou guerreira, e mesmo assim me aceitaram. Num momento onde a discussão da apropriação cultural ferve nas redes, vocês me aceitam mesmo errando pela milionésima vez aquela virada, ou mesmo aquele toque mais simples do xequerê. Vocês me aceitam mesmo eu sendo privilegiada e nunca ter passado pelo o que pra vocês é parte do cotidiano de viver num país onde até pouco tempo atrás a escravidão era legal. Vocês me aceitam nessa luta diária que é ser mulher e NEGRA! Vocês me acolhem e me emprestam seu poder. Por isso quero agradecer.

Sexta e domingo vou tocar pra todas as mulheres que sofrem as consequências de uma sociedade dominada pelos homens e suas injustiças. Vou tocar meu xequerê errado porque quem diz o que eu e qualquer mulher pode ou não pode fazer somos só nós mesmas!

ILU OBÁ DE MIN!

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